
As finais da NBA contrapõem neste ano a dependência de um superastro com o jogo coletivo. De um lado, o Cleveland Cavaliers guiado por LeBron James, predileto do marketing da liga. Do outro, o San Antonio Spurs com seu jogo de defesa que carrega o status negativo para os índices de audiência.
Enquanto os Cavaliers pediram um esforço descomunal do jovem ala de 22 anos para vencer o Leste e chegar à decisão pela primeira vez, os Spurs seguiram no Oeste com sua fórmula pouco atraente, mas bastante eficiente para alcançar sua terceira disputa de título em cinco anos.
James é quem lidera o show em Cleveland
Os Spurs venceram de modo inquestionável sua conferência. Os Cavs sofreram. Ainda assim, o pivô Tim Duncan sabe quem terá a preferência do público em geral. "Sei que a NBA certamente está empolgada em ter James neste estágio e que os fãs da NBA estão animados com isso", disse o jogador, que busca seu quarto título.
E para a equipe texana a mudança para a condição de favorito não serve para chamar mais simpatia à sua causa. "É um papel diferente para nós. Geralmente somos os vira-latas, os que têm de brigar para sair do buraco. Agora isso está nos ombros deles", afirmou Duncan. "Nós somos os bad boys, o que é divertido. Sim, sim, eu gosto de ser um dos bad boys. Vamos tentar mudar nosso nome ou arranjar um apelido para nosso time."
Os Spurs são os vilões porque LeBron é o herói. Há quatro anos a franquia de Cleveland rendeu seu futuro para o prodígio quando o selecionou na primeira escolha do "draft". Ele chegou à NBA aos 18 anos cercado de expectativa e pressão exorbitantes, já com um contrato robusto e o apelido de "Rei James", embora nada houvesse conquistado.
Quando James falhou em levar seu time aos playoffs nos dois primeiros campeonatos, passou conhecer o outro lado, as cobranças. Que duraram até este mata-mata, até o ala explodir com 48 pontos no quinto jogo da final do Leste contra os Pistons. Ele marcou 29 dos últimos 30 pontos de sua equipe, e os Cavs, de modo histórico, assumiram a dianteira da série em Detroit após duas prorrogações.
Os Spurs reconhecem o talento de James, mas vão confiar, em primeiro momento, nas capacidades defensivas de Bruce Bowen, que já teve de lidar com Allen Iverson e Steve Nash nos playoffs. "Contamos com Bruce para fazer um bom trabalho, para tentar contê-lo. James está jogando muito bem, com muita confiança, mas não acho que vamos fazer marcação dupla ou tripla. Vamos ver o que Bruce faz e partir desse ponto", disse o armador Tony Parker.
Do seu lado, James tenta fugir do rótulo de salvador. "Não seria possível para nós chegarmos aqui se fosse apenas o show de um homem só. Isso nunca aconteceu na história da NBA. Aliás, nunca aconteceria se uma equipe tivesse só um cara e ele fizesse tudo. Meus companheiros são minha família, e estou com eles mais tempo do que com minha família. E toda vezes que eles vêm para quadra, nós acreditamos, nós fazemos acontecer." Mas o que o ala dos Cavs fez no quinto jogo em Detroit é o tipo de desempenho que Cleveland espera do astro para tentar surpreender os campeões do Oeste.
Já Duncan divide pressão em jogo coletivo
James foi o cestinha do time em 13 dos 16 jogos que a equipe fez até agora nos playoffs. Por San Antonio, Duncan só precisou ser o cestinha em sete de 16 jogos, sendo que em um deles ele dividiu a honra com o francês Parker. Além dos dois, Manu Ginóbili e Michael Finley também já comandaram a ofensiva.
"San Antonio é o time top em nossa liga, jogando melhor basquete do qualquer outro rival. Eles são experientes, já estiveram aqui antes. São especiais. Temos de ser ainda mais intensos fisicamente e mesmo mentalmente em relação ao que acontece em quadra", disse James.
Se James sustentar esse foco, as finais podem aguardar uma série de infiltrações e enterradas acrobáticas. Arremessos em alto grau de dificuldade. Tudo bonito para as câmeras de TV. "Só espero que uma vez ou outra eles mostrem os Spurs entre os melhores momentos do LeBron", disse o pivô Tim Duncan. "Seria legal"
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